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Virei uber sim, e daí!?
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Luís Perez

Quando dizia a algumas pessoas que pretendia como hobby dirigir para a Uber, elas torciam o nariz. “Você fez jornalismo, história, pós-graduação…” Típico de uma cultura limitada, algo muito comum por aqui, que enxerga trabalhos que teoricamente exigem menos discernimento intelectual como algo menor, quase desprezível, “coisa de serviçal”.

Nos anos 50 ter na parede um diploma de advogado, engenheiro ou médico era tido como “garantia de uma vida confortável”. A história mostra que isso estava errado – o que não pode de maneira nenhuma servir como desculpa para tirar a criança da escola “porque precisa ajudar em casa” ou desprezar (mais do que já o é) a produção de conhecimento. O Brasil é um dos países ditos “emergentes” dos que mais necessitam de pesquisa e desenvolvimento. E que estimula muito mais do que deveria a tal “escola da vida”.

Dadinho, iguaria chic que ofereço no meu Uber...

Dadinho, iguaria chic que ofereço no meu Uber…

Uma coisa é ser um intermediário, um atravessador, um burocrata e ganhar muito dinheiro porque vende facilidades para sua indústria de dificuldades. Ou exercer como atividade principal algo que em menos tempo do que se imagina será substituído por um robô, que não fica doente, não reclama e principalmente não move processos trabalhistas. Outra coisa é arejar a cabeça mergulhando em um universo fascinante que tem a ver com mobilidade, tecnologia e comportamento humano.

A quem critica o jornalista que pretende virar motorista nas horas vagas, faço a analogia: será que o físico nuclear que mantém uma marcenaria na garagem de casa e lá produz mesas, cadeiras e outros objetos receberia o mesmo tipo de desprezo?

De resto, a primeira das reportagens sobre minha experiência como motorista parceiro da Uber está aqui!


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