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Habib: governo exige casamento sem namoro
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Luís Perez

O empresário Sergio Habib manifestou na última semana seu descontentamento em relação à forma como o governo tem conduzido a política de implementação de novas fabricantes no país, incluindo o programa Inovar-Auto. “Ele exige que uma empresa se case com o Brasil antes de namorá-lo”, resume.

Explica, em entrevista ao site da revista “Veja”: “Para montar uma operação em qualquer país, primeiro é preciso ver a aceitação do produto e testar o mercado como importador. Depois de testar, ocorre o investimento. Foi assim na década de 1990 com Toyota, Citroën, Honda, Peugeot, Renault e Nissan. A Citroën importou carros durante dez anos e só então fez a fábrica. A Peugeot, durante nove anos. A Toyota começou a importar em 1991 e só em 1999 construiu a fábrica. Todas elas ficaram cerca de uma década importando antes de construir. Hoje, com o Inovar-Auto, você não pode importar sem ter um projeto de fábrica”.

Habib fala sobre inversão no controle da JAC

Habib fala sobre inversão no controle da JAC

Segundo ele, essa não é a lógica para nenhuma empresa. “O Brasil exige do empresário um cheque de R$ 500 milhões para a construção de uma fábrica sem que ele esteja familiarizado com o mercado brasileiro. Isso não faz sentido para ninguém.”

Habib explica ainda a inversão de controle acionário da fábrica da JAC Motors em Camaçari (BA). “Dois terços do negócio pertencerão aos chineses. Eu fico com um terço. Inicialmente a participação seria o oposto, pois pegaríamos financiamento do BNDES para comprar o maquinário, pelo programa PSI. Mas mudamos de ideia. Como Brasil é caro, o BNDES dá dinheiro a taxas subsidiadas. Em vez de você ter uma taxa normal de juros, você tem uma indústria não competitiva e juros subsidiados. O problema é que mesmo assim não compensa. Um prensa fabricada no Brasil, mesmo com juros baratos, é mais cara do que uma prensa nos Estados Unidos, na Coreia ou na China. No passado os juros do BNDES eram mais realistas, mas o banco financiava maquinário estrangeiro. A fábrica da Hyundai foi toda construída com máquinas importadas e com dinheiro do BNDES. No nosso caso, a conta não fechou. Vamos trazer máquinas de fora, inclusive da Alemanha, pagando menos. Só que o capital será dos chineses”, afirma.


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