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Por que morte de modelo causou mais comoção que de criança e aposentado?
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Luís Perez

No dia 16 de agosto, um menino de nove anos foi atropelado em uma ciclovia na avenida Bento Guelfi, em São Mateus (zona leste de São Paulo) e morreu. No dia seguinte, o aposentado Florisvaldo Carvalho da Rocha, 78, foi atropelado por um ciclista sob o Minhocão (região central) e também morreu. Depois a perícia constatou que ele atravessava fora da faixa e foi atingido não na ciclovia, mas na avenida mesmo.

Nenhuma dessas duas mortes, no entanto, causou tanta comoção quanto à da modelo gaúcha Mariana Livinalli Rodriguez, 25, atropelada por um ônibus quando pedalava na avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste). Seu estado de saúde havia piorado nesta quinta (3) e ela morreu às 23h45. Ao que tudo indica, o motorista não infringiu nenhuma regra de trânsito e atravessou com o sinal aberto para ele.

Mas o que me chamou a atenção nessas três mortes é que o menino da periferia e o idoso do centro passaram batido. A modelo, não. Toda morte tem de ser lamentada, ainda mais trágicas como foram as três. Mas a da modelo produz um espetáculo midiático muito mais poderoso.

Gente que nunca se manifestou contra a implementação das ciclovias se mostra indignado nas redes sociais. Por quê? Porque ela era bonita? Porque morreu no mais nobre dos locais nas três mortes? Porque ainda tinha muita capa de revista e desfiles para abrilhantar? E dá-lhe foto dela, lindas fotos, pois era de fato uma linda moça…

Gente, na boa… Está na hora de todos serem iguais – e não de uns serem mais iguais que os outros –, na vida e na morte.


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